quinta-feira, 6 de maio de 2010

Elvis Presley


Embora sem o nome de rock ‘n’ roll ainda, o rhythm and blues foi uma música que surgia nos anos quarenta, embora suas raízes sejam mais antigas do que o mercado escravo que trouxera os primeiros imigrantes forçados da África para as Américas. Foi, porém, nos anos cinqüenta que essa música passou a atrair cada vez mais atenção de jovens brancos. E este interesse, e todos os tumultos e convulsões sociais que seriam provocados é o que reconhecemos como a história do rock ‘n’ roll. E no topo desta montanha, um nome é repetido por todos os demais que começaram embalados por ele. Este nome é Elvis Presley.

Elvis Presley

Sem Elvis Presley não haveria Beatles e sem Beatles todo o rock inglês seria diferente e provavelmente restrito à Inglaterra. Sem Elvis não haveria Carl Perkins, Jerry Lee Lewis, Buddy Holly ou Gene Vincent. Sem Elvis, o rock provavelmente teria sido apenas uma música americana. Porquê? Porque até o surgimento de Elvis, todo mau comportamento era restrito aos negros. E dentro desta lógica racista, música negra era música pagã, portanto tabu e pecado. Elvis, ao rebolar e se portar instigantemente sexual, atropelou o grande tabu anglo-saxão protestante (sexo). Ao fazer sucesso com isso permitiu o apoio comercial que foi decisivo na evolução do estilo musical, e no processo deu passe livre para mais de uma geração artística seguir o mesmo caminho.

É impossível negar que grande parte do material produzido por Elvis Presley depois da década de cinqüenta, é em termos de rock ‘n’ roll, de qualidade duvidosa, senão medíocre. No entanto, sua carreira foi importante demais para seus trabalhos menos inspirados terem alguma relevância. Considere os seguintes fatos:

Nenhum outro artista tem um número maior de canções a entrar nas 100 Mais nas Paradas de Sucesso dos Estados Unidos. São 149 hits dos quais 114 ficaram entre os 40 Mais, 40 ficaram entre os 10 Mais e 18 chegando a No.1. Estes 18 conferem a Elvis o gabarito de ser o artista de segundo maior número de hits a chegar a No.1, perdendo apenas para os Beatles com 21. Elvis empata com The Supremes com 10 hits consecutivos a chegar a No.1; recebeu o maior número de Discos de Ouro, 81 contra 42 de Barbara Streisand e 41 dos Beatles; e Discos de Platina, 43 contra 26 dos Beatles. Elvis tem o segundo maior número de discos Multi-Platinados, 19, perdendo para os Beatles com 24 e seguido de longe por Led Zeppelin com 13.

Todas essas estatísticas são referentes ao mercado americano, segundo a Billboard, e são todos números realmente impressionantes se tratando mesmo daquele mercado tão vasto. Mas se forem englobadas vendas ao redor do mundo, as cifras são estimadas na casa dos bilhões de discos vendidos.

Agora chega de apresentações, vamos então à historia deste que é para alguns, o Rei do Rock ‘n’ Roll.

Foi em Tupello, Mississipi, no dia 8 de janeiro de 1935, que Vernon Elvis Presley e Gladys Love Smith Presley viram pela primeira vez seus filhos gêmeos, Jessie Garon Presley e Elvis Aaron Presley. Em um parto caseiro, a alegria foi tingida por tristeza ao verificarem que Jessie deixara o ventre de sua mãe já morto.

O menino Elvis Aaron Presley cresceu em uma casa bem humilde de dois cômodos construída pelo pai e seu irmão. Por treze anos ele cresceu junto aos tios, primos e avós, todos morando relativamente perto um do outro. Familia temente a Deus, Elvis é fortemente influenciado pela conduta da igreja, a Assembléia de Deus, mesma de seus pais. Os cânticos da igreja, assim como a música negra das ruas que ele ouvia, serão absorvidos pelo menino.

Tanto que aos dez anos de idade, em uma das muitas feiras que eram realizadas anualmente na região, a ‘Mississippi-Alabama Fair and Dairy Show’, Elvis Presley tira segundo lugar em um concurso de talentos ao cantar “Old Shep” de pé em um banco para poder alcançar o microfone. As apresentações daquele concurso foram transmitidas ao vivo pela estação WELO Radio e portanto, este pode ser considerado o ‘debut’ de Elvis no rádio. Seu premio foi de $5 dólares e voltas gratuitas em todos os brinquedos da feira.

No ano seguinte, Elvis quer uma bicicleta mas sua família não tem meios de pagar por uma. Então sua mãe lhe convence a aceitar um violão no lugar. O instrumento custou $12.50. Aos treze anos de idade, Elvis se despede de sua escola, a Miliam Junior High School em Tupello com uma apresentação para a classe tocando o violão e cantando a canção “Leaf On A Tree.” Sua família se muda para Memphis, Tennessee, em busca de melhores oportunidades e condições de vida. Outros parentes da família Presley e da família Smith seguirão essa jornada. Elvis estuda só até terminar o Segundo Grau no L. C. Humes High School, onde se forma em 1953.

Vivendo em Memphis, ele cresceu em contato direto com os músicos de rua negros na hoje decantada Beale Street, local onde surgiram nomes como Bobby Bland, Johnny Ace e BB King. Além do country que tocava nas rádios ele passa a frequentar as festas para brancos e pretos que acontecem na cidade. Lá Elvis entra em maior contato com gospel e a música negra em geral. Destas influências para a sua futura e inesperada carreira, destaca-se necessariamente Wynonie Harris, o homem que gravou a versão original de “Good Rockin’ Tonight”. Quando Elvis passou a rebolar o seu pélvis de forma tão instigante, ele nada mais fazia do que imitar o negro Wynonie Harris, que vira tantas vezes ao vivo.

Trabalhando desde a adolescência para ajudar os pais no orçamento caseiro, Elvis logo se mostrou diferente da maioria dos outros meninos. Gostava de deixar o cabelo crescer mais comprido do que o costume para os padrões da sua época. Ele fazia um topete e usava suas costeletas largas e compridas.

Diferente do que se costuma contar, Elvis não era um caminhoneiro quando em junho, ele resolveu parar na Memphis Recording Service para ver como sua voz soava em um disco. Ele trabalhava para Parker Machinists Shop, seu primeiro emprego depois de deixar a escola. Na M.R.S. ele gravou duas canções, "My Happiness" e "That’s When Your Heartaches Begin." A empreitada lhe custou $4 dólares e Elvis presenteou o resultado a sua mãe que apesar de aniversariar em abril, recebeu o acetato como sendo um segundo presente de aniversário.

The Memphis Recording Service produzia discos para o selo Sun e era extra oficialmente chamado de Sun Studios, um nome que só ganharia oficialmente muitos anos depois. Quem cuida desta histórica sessão é Marion Keisker, assistente do dono Sam Phillips que não está presente nesta ocasião, viajando promovendo outro artista. Marion vê neste rapaz, tanto em aparência quanto em voz, um talento que poderia interessar seu patrão. Sam Phillips era um homem que há anos gravava artistas negros, responsável por inúmeros discos clássicos de blues e rhythm and blues. Phillips dissera em certa ocasião que se encontrasse um rapaz branco que pudesse soar como um negro, ele ficaria rico.

Em setembro Elvis mudaria de emprego, trabalhando por algumas semanas para The Precision Tool Company e depois como motorista de um caminhão de entregas da Crown Electric Company. Foi então em janeiro de 1954 que Elvis estacionava o seu caminhão na frente da Memphis Recording Service com intuito de gravar outro acetato. Desta vez, Sam Phillips está presente. Segundo algumas versões, seria somente no verão (junho) de 1954 que Marion sugere a Sam a hipótese de que aquele rapaz poderia ser o menino de voz negra de seus sonhos. Phillips acaba convidando Elvis para uma sessão de teste e lhe dá a canção "Without You" para cantar. O resultado não lhe satisfaz, contudo uma das razões que faz Sam Phillips ser um ótimo produtor é sua habilidade de fazer o artista se sentir à vontade no estúdio. Sam então lhe pede para tocar e cantar o que quisesse e o menino passeia por um repertório basicamente de música popular da época. Nada desta sessão foi aproveitado, porém deixou Sam Phillips ainda interessado.

Foi no dia 3 de julho de 1954 a histórica sessão que deu início em sua carreira. Phillips chamou dois músicos de estúdio que já trabalharam com Sam em outras tantas ocasiões. São eles Scotty Moore na guitarra e Bill Black no baixo. Novamente a sessão estava rendendo poucos resultados e durante uma parada para descanso, Elvis passou a cantar sem pretensões “That’s Alright Mama.” Conta a lenda que Sam Phillips pulava de alegria enquanto gritava “É isso, é isso que eu quero!” “That’s Alright Mama” e “Blue Moon of Kentuckey” se torna o primeiro compacto de Elvis Presley pela Sun Records e vendeu razoavelmente bem.

O disco passou a ser tocado em estações de rádios de música negra, onde os ouvintes eram basicamente negros. Portanto, é natural supor que os primeiros compradores deste compacto fossem negros pensando ironicamente se tratar de um artista negro. Porém, bastou Elvis começar a falar, em uma entrevista feita em uma dessas visitas promocionais a estação de rádio, para logo se perceber que se trata de um rapaz branco.

Elvis, Scotty e Bill formam uma banda, The Hillbilly Cat And The Blue Moon Boys, fazendo apresentações variadas em pequenos bares e clubes da cidade e da região. Em outubro daquele ano, após uma apresentação na estação de radio KWKH Radio na cidade de Shreveport, no estado de Louisiana, conseguem um contrato de um ano para cinqüenta e duas aparições todos os sábados à noite na cidade de Hayride. Este é até o momento, sua maior oportunidade como artista, porém com sua popularidade crescendo, o contrato acaba impedindo ele e a banda de viajar muito longe. É em Hayride que Elvis Presley conhece o Coronel Tom Parker.

Tom Parker é um ‘promoter’ e um empresário de artistas de sucesso como Hank Snow e Eddy Arnold, ambos estrelas de country music. O fato de Parker se interessar por Presley é uma razão de grande status para este jovem rapaz. Mas Elvis acaba assinando um contrato com o empresário Bob Neal em janeiro de 1955. Neal coloca Elvis e sua banda em uma excursão junto com artistas de Tom Parker, e organizado por ele. Para esta excursão, o baterista D.J. Fontana é adicionado ao grupo. Observando a reação do público feminino para Elvis, que rebola e incendeia o público, a ponto de sair brigas entre a multidão, Parker cada vez mais se interessa pelo rapaz.

Em agosto de 1955, Elvis assina um contrato com a Hank Snow Attractions que passa a empresariá-lo, com Bob Neal permanecendo apenas como um conselheiro. A Hank Snow Attractions pertence igualmente a Hank Snow e Tom Parker. Em menos de dois meses, Hank Snow está sem nenhuma participação no contrato com Elvis que pertence agora exclusivamente ao Coronel Parker. Uma das suas primeiras providências foi de negociar um contrato com um selo de maior porte do que o pequeno Sun Records.

Habilmente colocando as gravadoras Mercury, Atlantic, Decca e Columbia uma contra as outras, em um leilão pelo contrato de Elvis Presley, Parker acaba acertando com a RCA. Neste acordo, a RCA compra todo o catálogo de Elvis na Sun Records, o que inclui os cinco compactos mais o material que ainda não fora lançado. O valor desta operação rendeu ao Sam Phillips o valor extraordinario de $40.000 dólares, além de $5.000 como uma porcentagem para o bolso de Elvis. Como Elvis sequer tem vinte e um anos ainda, o contrato tem que ser assinado pelo seu pai, Vernon Presley.

Enquanto RCA relança o material recém-comprado da Sun, agora saindo nacionalmente pelo selo RCA, Parker acerta para Elvis um contrato com a Hill and Range Publishing Company. Segundo este acordo, é criada a Elvis Presley Music Inc., na qual Elvis recebe uma porcentagem dos direitos autorais de todas as canções que Hill e Range lhe trouxerem para gravar. Em outras palavras, mesmo não sendo compositor de nenhuma das canções que canta, Elvis recebe uma porcentagem dos direitos autorais que caberia a Hill and Range Publishing.

Aos vinte e um anos, Elvis Presley tem um dos melhores contratos no país com uma gravadora e com uma editora, um feito extraordinário graças a boa negociação do Coronel Tom Parker. Ele grava então no dia 10 de janeiro de 1956 seu primeiro compacto para o seu novo selo, “Heartbreak Hotel.” A RCA colocou o grupo The Jordanaires como sua nova banda. O compacto vendeu 300.000 cópias em três semanas, um marco que comprovou rapidamente que o investimento da RCA em Elvis Presley foi lucrativo.

Em 28 de janeiro de 1956, Elvis estréia em cadeia nacional, aparecendo no programa “Stage Show”, da CBS, produzido pelo ator e comediante Jackie Gleason e estrelando Tommy e Jimmy Dorsey. Até março, ele terá feito seis participações no programa e criado uma pequena sensação ao redor do país em torno de seu nome. A esta altura “Heartbreak Hotel” já vendera um milhão de cópias e se tornara o primeiro Disco de Ouro desta nova sensação. RCA lança então "I Forgot to Remember to Forget" que igualmente chega a No. 1 nas paradas de sucesso country. Seu primeiro álbum: Elvis Presley, igualmente chega a um milhão de discos vendidos se tornando igualmente um Disco de Ouro.

Em abril de 1956, Elvis faz um teste para Paramount Studios em Hollywood, para o filme The Rainmaker onde ele faz mímica ao som de "Blue Suede Shoes" em playback. Apesar de acabar sendo rejeitado para este filme, Paramount fecha um contrato de sete anos com ele para estrear em uma série de películas, acreditando no poder de atração do jovem revelação.

Suas apresentações causam cada vez mais histeria entre o público feminino, graças aos seus rebolados e atitudes sexuais no palco. As invasões por vezes obrigam organizadores a encerrarem cedo o espetáculo com medo de alguém sair ferido. Em meio a isto, durante uma apresentação no programa de televisão The Milton Berle Show, Elvis apresenta uma versão de “Hound Dog” que acaba chocando a parte mais puritana dos Estados Unidos. Motivo de controvérsia, Elvis se torna ainda mais atraente para os jovens.

A controvérsia cria o apelido, Elvis The Pelvis, o que irritaria o artista que chamaria esse nome de a maior criancice que ele já tenha ouvido. Tentando apagar um pouco o fogo de sua instigante apresentação no mês anterior, Elvis aparece no Steve Allen Show vestido de fraque novamente cantando “Hound Dog”, desta vez de forma menos instigante e para um bassê. Idealizado por Steve Allen, Elvis considerou a jogada publicitária ridícula, mas aceitou, na esperança de acalmar certos grupos religiosos que o classificam como amoral.

No fundo, toda esta controvérsia se torna lucrativa para o cantor quando Ed Sullivan lhe oferece o valor absurdo de $50.000 dólares por três apresentações em seu programa. Sullivan que não gostava dos rebolados ofensivos deste artista, aceitou tê-lo no seu programa dado aos índices que se registravam cada vez que Elvis aparecia em algum programa. Para não ofender seu público, Sullivan instruiu sua equipe a partir do terceiro programa, de filmá-lo apenas da cintura para cima. Cartas inundaram o escritório no dia seguinte de jovens reclamando que queriam assistir o ‘verdadeiro’ Elvis em seu programa.

Em agosto de 1956 ele começaria as filmagens para o seu primeiro filme, “The Reno Brothers.” O filme é da Twentieth Century Fox que aluga o seu contrato com a Paramount. Durante a filmagem, houve um acordo e foi adicionada uma cena onde Elvis cantaria seu próximo lançamento, “Love Me Tender.” Com clara intenção de capitalizar no que julgam corretamente ser um hit certo, o filme passa a se chamar “Love Me Tender.”

Elvis retorna a Tupelo onde nascera para o que passa a ser chamado Elvis Presley Day, no dia 26 de setembro de 1956. Lá ele faz duas apresentações durante o Mississippi-Alabama Fair and Dairy Show, o mesmo que disputara o concurso de talentos ainda com dez anos de idade. Elvis se tornara grande sensação em todo o país e ao final daquele ano, estatísticas comprovam que Elvis Presley havia vendido cerca de $22 milhões de dólares em produtos variados que levavam o seu nome. Não só discos, como também camisetas, chapéus, carteiras, bolsas, batom, perfume, cintos, roupas, revistas, cachorrinhos de pelúcia, canecas, pratos, canetas e mais.

Entre apresentações pelo país e aparições na televisão, Elvis se tornara a maior sensação jovem do mercado. Seu estilo particular misturando country e pop branco com rhythm and blues e gospel dos negros, aleados ao seu carisma pessoal e talento natural lhe transformam em símbolo do jovem americano moderno. Entre 1956 e 57, como uma figura nacional, Elvis Presley já terá feito o suficiente para ser considerado um ícone cultural de sua geração. A música, assim como os costumes nunca mais serão os mesmos e embora essas mudanças não tenham sido violentas como as iniciadas pelos Beatles na década de sessenta, são radicais o suficiente para atrair jovens para música negra, o que acabaria sendo o principal fator para a criação de bandas como os Beatles, para início de conversa.

O ano de 1957 começa com as filmagens de seu segundo filme em janeiro e seu terceiro filme em maio. Elvis se apresenta três vezes no Canadá, suas únicas apresentações fora dos Estados Unidos, e compra Graceland em Memphis para ele, seus pais e sua avó morarem. Faz a primeira doação para o Elvis Presley Youth Recreation Center, um Centro de Recreação para Jovens em Tupelo, Mississippi. O terreno do Centro inclui a casa onde Elvis havia nascido. Elvis fará substanciais doações para este centro pelo resto de sua vida, doações que continuarão até o presente, mantidas pelo Elvis Presley Estate. A casa onde Elvis nasceu é hoje um museu para visitações do publico, mantido pelo Centro.

Em outubro de 1957 estréia “Jailhouse Rock”, seu terceiro filme rodado em maio. Além do sucesso da canção, o filme é facilmente seu melhor trabalho como ator, perdendo apenas para “King Creole” rodado no ano seguinte antes de Elvis servir o Exército. Clássico do cinema rock ‘n’ roll, a cena dançante onde se canta a canção título é para muitos, o padrão copiado para muitas cenas musicais posteriores no meio rock. Será também, segundo alguns, o molde para o que passaria a ser chamado filmes promocionais de rock na década de sessenta, e que mais tarde ganharia o nome de vídeos musicais nos anos oitenta.

Elvis e família se mudam para Graceland em dezembro e antes do Natal, Elvis é chamado para servir o Exército. Entre janeiro e março de 1958, Elvis filma “King Creole” e se apresenta ao vivo pela ultima vez antes de servir. Serve inicialmente em Fort Hood no Texas onde recebe treinamento básico por seis meses. Neste ínterim, sua mãe Gladys fica doente com hepatite e morre em 14 de agosto de 1958, aos 46 anos.

Depois de chorar a perda da mãe e retornar para seu posto em Fort Hood, Elvis é transferido para Friedberg na Alemanha onde permanecerá por 18 meses. Chega a conhecer Munich e até Paris durante algumas folgas. Durante seu período na Alemanha, Elvis conhece a enteada do Coronel Joseph Beaulieu, a menina Priscilla Ann Wagner, então com apenas 14 anos. Seu pai era James Wagner, um piloto da marinha que morreu em um acidente de avião, e sua mãe Ann casaria, pela segunda vez, com o Coronel Joseph. Voltariam a se ver mais vezes nos Estados Unidos.

Enquanto isto, Coronel Parker garante que a carreira de Elvis continue em evidência autorizando uma serie de coletâneas lançadas pela RCA. Elvis deixaria o Exército em março de 1960 com a patente de sargento. Ele chega aos Estados Unidos e imediatamente é obrigado a dar longas entrevistas. Frank Sinatra coloca sua filha Nancy Sinatra para recebê-lo e lhe dar as boas-vindas em nome da juventude americana, uma jogada promocional que teve boa repercussão na epoca. No mês seguinte, ele volta aos estúdios e depois começa a rodar o seu quinto filme, “GI Blues.”

Elvis ainda faz duas apresentações ao vivo antes de dedicar sua carreira exclusivamente para filmes. Elvis quer realmente ser um bom ator e leva sua carreira de cinema a sério. No entanto, os roteiros de filmes aceitos pelo Coronel Parker e dados ao Elvis são sempre de produções simplórias visando claramente explorar a sua figura popular sem nenhuma consideração real para dramatização ou expectativas para alguns ou algum prêmio Oscar.

Mantendo Elvis ocupado com filmes simples, às vezes três em um ano, acoplado de discos em torno da trilha-sonora e discos natalinos, o Coronel garantiu uma mina de ouro anual sem maiores esforços para ele ou o seu artista. Neste ponto, o trabalho de Tom Parker foi lúcido e benéfico. No entanto, artisticamente, Elvis havia morrido como uma figura representativa para o jovem. E isto ficou ainda mais óbvio após a chegada à América do fenômeno Beatles e toda a invasão Britânica que se seguiu.

A década de sessenta na carreira de Elvis Presley é marcado pela super-exploração do mito, forçado a gravar cada vez mais músicas, nem sempre primando pela qualidade, ao mesmo tempo que lançava filmes e compilações de seus maiores sucessos. Todos estes discos e filmes vendem bem. A voz de Elvis Presley é soberba e sua dedicação a cada trabalho que leva o seu nome é total. Apenas não se trata mais de rock ‘n’ roll, Elvis estando claramente fora do que está acontecendo na música contemporânea. Seu material é para os pais e não mais para os filhos e filhas.

Após um namoro discreto, Elvis Presley casa com Priscilla dia 1 de maio de 1967 em Las Vegas. Entre uma rápida lua-de-mel em Palm Springs e os toques finais no filme “Clambake”, o casal se muda para Graceland onde vestidos à caráter, performam outra cerimônia de casamento para amigos e parentes que não puderam estar presente ao verdadeiro. Dia 1 de fevereiro de 1968 nasce Lisa Marie Presley, filha única do casal. Coincidência ou não, são nove meses exatos desde a data do casamento.

A exceção acontece em 1968 quando Elvis retorna para o palco depois de quase sete anos e faz uma apresentação filmada do que pode ser considerado o que há de melhor em rock/rockabilly. Trazendo de volta sua antiga banda com Scotty Moore e DJ Fontana, (Bill Black já havia falecido) mais the Jordanaires e outros músicos profissionais, abriu um espaço no set para ele mesmo tocar o violão fazendo o que hoje costuma se chamar de um set Unplugged ou Acústico. O filme, chamado simplesmente de ELVIS, foi gravado entre 27 e 30 de junho. O filme também pode ser encontrado pelo nome The 68 Special ou 68 Comeback.

Apesar das ótimas criticas e sucesso geral da empreitada, Elvis não seguiu o bom momento com uma excursão americana de grande porte, o que seria provavelmente a melhor manobra. No lugar, o Coronel preferiu fixar as atenções do Elvis para terminar o seu contrato cinematográfico que foi encerrado em 1969. Elvis estava mais do que frustrado com a forma com que Hollywood encarava sua carreira de ator. Uma vez terminado o contrato, Elvis só queria saber de uma coisa; tocar ao vivo novamente.

Elvis então acerta um contrato para tocar em Las Vegas, inaugurando um cassino dentro do International Hotel, em um contrato milhonário. Em apresentações com banda, orquestra (conduzido por Bobby Morris) e cantores de gospel masculino (The Imperials) e femininos (The Sweet Inspirations) fazendo backing, Elvis de roupa de palco branca inicia em julho de 1969 e continua pela maior parte da década de setenta como atração de cassino em temporadas ao vivo em Las Vegas que duravam geralmente um mês. A primeira temporada no International Hotel acaba rendendo o primeiro álbum ao vivo de Elvis, “Elvis in Person at the International Hotel.” Em setembro deste ano, Elvis consegue com a canção “Suspicious Minds” seu primeiro hit desde 1962. É também seu último grande sucesso na parada.

Após uma série de apresentações no Texas em 1970, especulava-se muito sobre a primeira excursão americana de Elvis desde a década de cinqüenta. O que surgiu foi uma pequena excursão em nove cidades que foi filmado e teria momentos apresentados no filme “Elvis - That’s The Way It Is”. Depois de uma pausa para gravações em Nashville, Elvis retorna a excursionar por oito cidades. Elvis retornaria para outra temporada de um mês em Las Vegas, novamente no International Hotel que depois de 1971 passaria a se chamar The Las Vegas Hilton International Hotel. Para aguentar a maratona de shows e gravações, Elvis passa a consumir avidamente medicamentos, antidepressivos, moderadores de apetite e anfetaminas.

Elvis é diagnosticado, ainda em março de 1971, com glaucoma. Lentamente durante a década de setenta, vai surgindo a figura de um artista decadente, gordo, parado no palco, lembrado praticamente apenas pelas baladas românticas e tendo abandonado seu estilo inicial. Porém durante todos estes anos, Elvis está seguidamente recebendo troféus e placas em homenagem aos seus feitos e sua importância para a indústria fonográfica e indústria de entretenimento em geral. Suas temporadas em Las Vegas atraem mais público para a cidade e quebram seguidos recordes de audiência com shows constantemente lotados.

Depois de uma terceira excursão visitando doze cidades em final de 1971, Priscilla Presley deixa Graceland com sua filha Lisa Maria. A separação será publicamente conhecida a partir de julho de 1972, no entanto o divórcio só será assinado em outubro de 1973. Elvis e Priscilla continuarão se comunicando como amigos e Lisa Maria terá contato com o seu pai sempre que ele deseja. Elvis passa a morar com Linda Thompson em julho de 1972. Durante o ano de 1972, Elvis excursiona por praticamente todo o seu país e emplaca um hit com “Burning Love” que chega a No.2 nas paradas americanas.

Ele encerra o ano se apresentando em Honolulu onde em janeiro ele volta a se apresentar, desta vez em um show com transmissão via satélite, ao vivo, para todo o Havaí, Austrália, Coréia do Sul, Vietnã do Sul, Japão, Tailândia e Filipinas. Um vídeo do show mais tarde seria apresentado em diversos países da Europa, assim como também, dentro dos demais estados dos Estados Unidos. Este, para muitos é o último grande momento de Elvis, ainda em boa forma.

Em março de 1973, Elvis e o Coronel vendem suas partes dos direitos autorais sobre todo o seu catálogo para a RCA, antes de seguir para uma outra seqüência de mini excursões pela América, agrupados em oito cidades, cada. No meio do ano, Elvis é hospitalizado com problemas na pleura, colo, hepatite e pneumonia. Sua dependência por medicamentos aumenta em proporções perigosas. Sua rotina passa a ser excursões, temporadas em Las Vegas, sessões de gravações em Nashville e passagens pelo hospital por problemas relativos a abusos com medicação.

Em novembro de 1976, infeliz com a maneira que ele anda levando sua vida, Linda Thompson deixa Elvis Presley, segundo ela porque não queria estar por perto quando ele morresse. No mesmo mês, Elvis a substitui com a jovem Ginger Alden. Elvis passa o restante do mês de novembro excursionando. O ano de 1977 inicia no mesmo ritmo de sempre, com pausa entre excursões para temporadas no hospital. Três apresentações em junho serão gravadas pela RCA e filmados pela CBS visando álbum e especial televisivo que irá ao ar apenas em outubro.

Em Graceland, véspera de retornar para a estrada com show marcado em Maine para o dia seguinte, Elvis Presley morre dia 16 de agosto em 1977 de um ataque cardíaco no banheiro de sua casa. A necrópsia revelou a ingestão de oito ou mais drogas (entre outras morfina, valium e valmid), responsáveis por sua morte. Ao redor do mundo as manchetes principais em praticamente todos os jornais de importância registravam o fato que “o Rei Morreu”.

Fonte: Márcio Ribeiro (Creedance)


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